No início, apesar de todo o processo de construção de uma empresa não ser nada fácil, geralmente, estamos tão empolgados e cheios de planos para o nosso negócio que podemos ter uma clara impressão de que ele crescerá de forma sustentável e sem muitos problemas pelo caminho – afinal, planejamos cada detalhe, estipulamos metas, tudo como manda o figurino no mundo corporativo.
Mas a arte de empreender não é tão linear assim, e existem obstáculos bem desafiadores nessa jornada. Não é nada raro nos depararmos com a necessidade urgente de repensar o modelo de negócio diante de algumas situações que parecem apontar para esse caminho. Afinal de contas, o mundo, as relações comerciais, o comportamento do consumidor e a tecnologia mudam muito rapidamente, e empresas que não embarcam nessa inovação constante acabam sofrendo graves consequências.
Não estamos dizendo que toda e qualquer situação que acontece na empresa significa que é preciso reavaliá-la para recomeçar tudo do zero. Pelo contrário. Os empreendedores precisam, mais do que nunca, desenvolver um faro para essa necessidade de mudança, e isso só é possível com muito estudo, análise de riscos e conhecimento profundo sobre o negócio e o mercado em geral.
Então, se o sinal vermelho começou a acender em sua empresa, é hora de se reinventar. A seguir, conheça 10 sinais de que sua empresa precisa mudar o modelo de negócio para não cair no marasmo e perder espaço no mercado.
1. O produto ou serviço do concorrente é mais barato e a produção é mais rápida
Esse é um importante sinal de alerta, pois se o produto ou serviço do concorrente é mais barato, pode significar que ele esteja lucrando mais que você e tenha uma clientela mais satisfeita.
Para reverter esse quadro, pode ser que você precise desenvolver um diferencial competitivo de sua empresa, sem falar, é claro, em reavaliar os contratos com fornecedores e todo o planejamento financeiro de seu negócio.
Ter um diferencial competitivo é o que leva os clientes a preferirem comprar da sua empresa, mesmo que haja ofertas tentadoras da concorrência. É ele que vai fazer o seu negócio ser o preferido e ter um bom engajamento por parte dos clientes, tornando a sua empresa única para eles.
Já falamos aqui sobre o diferencial competitivo e suas características, mas não custa relembrá-las:
- Ele faz com que o seu produto ou serviço não seja imitado facilmente.
- O seu produto ou serviço acaba se tornando único.
- O seu produto ou serviço se torna sustentável e aplicável a múltiplas funções.
Na prática, dentro da rotina da empresa, isso pode ser traduzido em ações, como:
- Oferecer um preço baixo (renegociando ou trocando de fornecedores, por exemplo).
- Oferecer aos clientes a facilidade na hora de comprar.
- Gerar confiança e ter um pós-venda impecável.
- Oferecer garantia e assistência técnica.
- Possuir direitos autorais / patentes.
Então, se você diagnosticou que a sua empresa anda passando por esse tipo de problema, repense agora mesmo o seu modelo de negócio – e lembre-se de que um diferencial competitivo só é válido quando os consumidores percebem esse valor agregado ao seu produto ou serviço.
2. Os colaboradores não produzem bem ou estão desmotivados
Repensar o modelo de negócio da empresa também pode significar avaliar como anda a situação dos seus colaboradores. Uma gestão de talentos mal feita pode gerar falhas graves nos processos produtivos e comprometer a sobrevivência da empresa.
Também já falamos sobre esse tema aqui em nosso blog, e, muitas vezes, os empreendedores não conseguem reter os melhores talentos por conta de algumas situações, tais como:
- A sobrecarga de trabalho que atrapalha os processos de produção.
- A falta de valorização da empresa em relação aos seus colaboradores.
- A falta de interação dos colaboradores com a liderança.
- Cultura empresarial que não incentiva a troca de ideias e a criatividade.
- Erros de contratação e também de promoção.
3. O mercado está saturado de soluções como a que sua empresa oferece
O mercado pode saturar em todos os nichos, ou seja, essa é uma situação que pode ocorrer em todos os empreendimentos. Mas não saber avaliar e reverter esse quadro antes de sérias consequências é o que leva empresas a fecharem as portas.
Além disso, entrar no mercado para “bater de frente” com empresas maiores também pode ser um risco a pequenos empreendedores. Por isso, é preciso avaliar com muita cautela a situação do mercado para não ser pego de surpresa e avaliar cenários e possibilidades de reverter esse quadro. Algumas dicas:
- Delimite o seu próprio nicho: às vezes, reposicionar o público-alvo pode ser a solução para a queda de faturamento da sua empresa. Você passa a competir dentro desse nicho, e não mais no cenário geral da indústria, por exemplo – e isso pode fazer uma grande diferença.
- Tenha um olhar atento para as tendências do seu mercado: pode ser que você tenha que se reinventar em sua área e desenvolver um novo produto, ou, ainda, criar novas formas de utilização de um mesmo produto ou serviço.
- Crie parcerias com empresas maiores para atender nichos menores que fazem parte da carteira de clientes delas. Segmentando mais o seu público-alvo e criando essa parceria com uma empresa de destaque, você também agrega valor à sua marca.
4. A sua empresa não inova há muito tempo
Por conta da perigosa zona de conforto, grandes empresas, e até multinacionais, viram seus negócios se esfacelar em meio à inovação tecnológica e às mudanças no mercado consumidor. Por isso, se a sua empresa não tem inovado em seus produtos, serviços e até nos processos de atendimento ao público, repense suas estratégias.
Um conceito que vem chamando bastante atenção nesse cenário é o da inovação disruptiva, uma teoria que explica que uma empresa menor e com menos recursos pode derrubar as já estabelecidas e bem-sucedidas. Muitas vezes, essas pequenas empresas apenas segmentaram uma parcela do mercado que foi ignorada e acabou crescendo exponencialmente, como é o caso das startups e fintechs. Ou, ainda, essas pequenas empresas mudam suas formas de relacionamento com o público, otimizando processos que antes eram burocráticos e geravam uma série de reclamações.
A inovação disruptiva faz com que, por meio de processos simples, as empresas se movam em direção ao topo do mercado, pois entregam o desempenho esperado, mas com vantagens e mais praticidade.
Isso significa que, para inovar, você não precisa reinventar a roda. Às vezes, a solução para a sua empresa voltar a se destacar pode ser mais simples do que você pensa. Para começar a implementar inovações disruptivas, o primeiro passo é a experimentação em pequena escala para que você consiga avaliar friamente o desempenho delas e as aperfeiçoar.
E não se esqueça de sempre reavaliar o perfil do público, o preço ideal, como o produto será oferecido e todos os demais fatores. Se você está preocupado com perdas financeiras nesse período de experimentação, existe uma técnica chamada MVP (Minimum Viable Product ou Produto Mínimo Viável), que é um conjunto de testes com o objetivo de provar as hipóteses base do produto.
Um produto mínimo viável possui o conjunto base de recursos que prova que o negócio pode dar certo. Ou seja, se está começando uma ideia ou quer reinventá-la, é preciso provar que as pessoas querem esse produto que você planeja desenvolver – e esse MVP é o caminho para isso.
5. A empresa nunca investe em algo que possa gerar risco
Se você constatou que a empresa precisa sair da zona de conforto, então não há outro caminho além de pensar fora da caixa para testar e explorar o novo. Em outras palavras, é preciso se permitir experimentar o risco.
Porém, esteja convicto de que risco é risco, e você precisa se preparar para ele. Talvez, com receio desse fato, muitos empreendedores acreditem que a estagnação seja a melhor saída e que as feridas no orçamento serão curadas com o tempo, resultando na tão temida procrastinação. Então, caso esteja inseguro, corra atrás de ajuda de pessoas mais experientes para lhe orientar sobre os passos a serem dados. Muitas vezes, assumir riscos é a melhor e a única saída para que a sua empresa cresça e vença a concorrência.
6. O modelo de negócio não é revisado de tempos em tempos
Revisar o plano de negócio da empresa é uma tarefa essencial para ajudar na tomada de decisão. É preciso realizar um verdadeiro diagnóstico empresarial para identificar falhas e itens que precisam ser reconstruídos.
Uma boa dica é realizar periodicamente a análise SWOT (ou análise FOFA) da empresa, que identifica as forças, as fraquezas, as oportunidades e as ameaças – tanto internas quanto externas.
7. O faturamento anda caindo por meses consecutivos
Se os gráficos de faturamento da sua empresa estiverem lineares ou caindo, é hora de rever, antes de qualquer coisa, o planejamento financeiro para identificar o problema. Por que as metas não estão sendo cumpridas? Faltam profissionais? É preciso renegociar o preço com os fornecedores ou buscar novos? O estoque está deficiente ou cheio de produtos encalhados?
Se nessa análise você identificar que está tudo sendo feito corretamente e, mesmo assim, a empresa não sai do lugar, pode ser que a raiz do problema esteja no próprio modelo de negócio. Repense se o produto realmente é interessante para o seu nicho e não deixe de buscar por inovação e soluções eficientes, sustentáveis e escaláveis.
8. Há falhas nos processos da empresa
Pode ser que você tenha os melhores colaboradores do mercado trabalhando em prol da sua empresa, mas os processos não estejam alinhados. Hoje em dia, é cada vez mais imprescindível que todos os departamentos desenvolvam um trabalho em conjunto (ou seja, de acordo com o planejamento estratégico da empresa) e, também, tenham as ferramentas adequadas para evitar erros e retrabalhos. Às vezes o problema pode ser solucionado com a reestruturação do software de integração dos processos e também promovendo um treinamento com toda a equipe que irá usá-lo.
Por isso, readaptar o modelo de negócio pode significar melhorar os procedimentos com soluções mais eficazes para levar a empresa adiante no mercado.
9. O mercado em que você atua está desaparecendo ou se reinventando
Se você tem uma videolocadora, por exemplo, e ainda não pensou em se reinventar, corre o sério risco de ver o seu empreendimento falir. Isso já acabou com excelentes negócios no passado, e continua acontecendo com empresas atuais que não acompanham o comportamento do consumidor e as mudanças no mercado.
Também nesse sentido, existem casos de empresários que lidam com seus negócios como “empresas de estimação”; ou seja, se apegam tanto à marca e ao negócio que fecham os olhos para qualquer tipo de mudança, mesmo quando ela é crucial para a sua continuidade.
Então, defenda a sua marca, mas saiba a hora de dar um novo fôlego a ela.
10. A sua desmotivação está colocando o negócio em risco
Passar por períodos de crises, inclusive emocionais, é comum no ambiente do empreendedorismo. Não é nada fácil ter que lidar com tantas tarefas, números, métodos, processos e força de trabalho. Mas se a sua desmotivação está influenciando na rotina da empresa, é hora de rever os conceitos e, quem sabe, mudar o plano de negócio.
Identifique a raiz dessa desmotivação e se baseie em análise de dados da sua empresa para descobrir se o seu desânimo é proveniente de um ou todos os sinais que citamos acima, ou se é algo que você precisa trabalhar dentro de você mesmo para seguir em frente.
Se alguns desses sinais estão presentes em seu atual modelo de negócio, não pense duas vezes: reúna os gestores e refaça o planejamento estratégico da empresa para que ela se livre de consequências graves em um futuro não tão distante. E não se esqueça de continuar sempre inovando e pensando em facilitar cada vez mais o acesso e o uso de seus produtos e serviços aos clientes – afinal, essa é a premissa básica do empreendedorismo.
Conheça importantes ferramentas de gestão empresarial.
Se você tem alguma dúvida ou quer compartilhar a sua experiência na reavaliação do modelo de negócio da sua empresa, deixe o seu comentário e até a próxima!