Blog da Ambra

Prática deliberada: o segredo da excelência

Você já se perguntou qual é o caminho para ser excelente em alguma coisa?

Você sabe como deve proceder para atingir o nível máximo de excelência em qualquer atividade profissional, acadêmica, desportiva quiça social?

Então, ao longo do texto vou te falar o caminho das pedras encontrado por pesquisadores da University of Florida ao longo de mais de 30 anos de pesquisas buscando entender como as pessoas chegam a excelência em qualquer área.

Quando alguém não está conseguindo realizar algo, seja uma tarefa da escola, um feito esportivo ou um trabalho artístico, normalmente, utilizamos o famoso ditado “a prática leva à perfeição”.

É uma frase reconfortante, que serve como uma forma de incentivo e até mesmo de elogio. Mas será mesmo que a prática constante de alguma atividade pode levar à excelência, ou isso depende de um talento inato?

Ah, não é apenas fazer a mesma atividade por 10.000 horas e dizer que está seguindo a linha de Malcolm Gladwell. Afinal, não basta fazer muita vezes para se tornar excelente em algo.

Você deseja seguir e conhecer o melhor e não necessariamente mais fácil caminho para a excelência? Então, vamos lá!

Há mais de um século a ciência vem trabalhando para descobrir como ocorre o processo de aprendizagem. Disciplinas como a psicologia cognitiva e, mais recentemente, a neurociência educativa têm procurado desvendar o poder do cérebro em processar informações e em compreender como ele armazena esse conhecimento na memória.

Para alguns cientistas, para aprender qualquer habilidade ou ganhar experiência é necessário praticar, praticar e continuar praticando. No entanto, pesquisas têm demonstrado que a qualidade dessa prática é tão importante quanto a quantidade. E o mais interessante, o talento inato não é o responsável por tornar uma pessoa especialista em algo.

A prática deliberada (do inglês Deliberate Pratice) esse tema instigante e fundamental para gerar diferencial competitivo, é o tema do artigo de hoje. Confira!

A questão polêmica do talento inato

Normalmente, aqueles que se destacam por seu desempenho nos esportes, nas artes ou nas ciências são considerados pessoas superiores em relação ao resto da humanidade naquela atividade. Ao longo da história, tais habilidades extraordinárias foram vistas como resultado de influência divina, evolução de órgãos do corpo ou até mesmo como dons especiais.

Mais recentemente, foram as influências genéticas que passaram a ser equivocadamente vistas como fatores determinantes, que levariam a consequências não modificáveis, e que determinariam a estrutura do corpo humano e de seu sistema nervoso. Ou seja, o talento de alguns estaria em sua carga genética.

No entanto, pesquisas têm demonstrado que pessoas talentosas, na verdade, possuem o talento de manter boas práticas para melhorar o seu desempenho. Em outras palavras, não é sobre nascer talentoso; é sobre como consistente e deliberadamente você trabalha para melhorar seu próprio desempenho.

A importância de algumas diferenças genéticas óbvias, como a altura, não pode ser negada como benéfica para um jogador de basquete, por exemplo, mas, na maioria das outras áreas, a motivação e a prática deliberada podem superar até mesmo as diferenças nas habilidades cognitivas.

K. Anders Ericsson, psicólogo sueco e pesquisador da Universidade da Califórnia, está convencido de que o desempenho de alguém talentoso é qualitativamente diferente da performance de uma pessoa normal.

No entanto, mesmo que esse talento tenha características e capacidades que são qualitativamente diferentes daquelas dos adultos normais, ele não concorda que essas diferenças sejam imutáveis, isto é, que sejam devido ao talento inato.

Em um estudo, Ericsson e outros parceiros de pesquisa chegaram à conclusão de que “apenas algumas exceções, principalmente a altura, são geneticamente prescritas. Em vez disso, argumentamos que as diferenças entre as pessoas talentosas e adultos normais refletem um longo período de esforço deliberado para melhorar o desempenho em um domínio específico”.

Afinal, o que é a prática deliberada?

Retomando a pergunta inicial: nem toda a prática leva à perfeição. Fazer algo que temos tanta prática – a ponto de entrar no piloto automático – durante muito tempo não significa, necessariamente, que vamos alcançar a excelência.

Para chegar a ela, é preciso um tipo específico de prática, a prática deliberada. Um erro comum na prática de uma tarefa é o em que a pessoa somente se concentra naquilo que ela já sabe.

A prática deliberada exige um empenho do indivíduo em algo que ele não sabe fazer muito bem, ou sequer sabe fazer. Em linhas gerais, é a prática consciente e não automatizada, das partes que compõem uma tarefa, principalmente, naquilo que não se tem o domínio.

Especialistas acreditam que a especialidade em algo é o produto de uma década ou mais de esforços máximos para melhorar o desempenho em uma tarefa, por meio da prática deliberada.

Para ilustrar essa tese, digamos que uma pessoa decida aprender a tocar piano. Inicialmente, o estudante começa a tocar e a identificar no instrumento os tons médios, os bemóis, os sustenidos, os tons graves e os agudos. Com o tempo, e estimulando sua concentração, ele passa a perceber as notas que ouve enquanto toca.

Conforme vai praticando e ganhando agilidade nos dedos, começa a tocar os primeiros acordes. Em poucas semanas, o estudante já adquire um controle e uma velocidade maior em seus dedos, sabe um bom número de acordes e suas primeiras músicas começam a ser ouvidas.

Desse ponto em diante, ele continua se aprimorando, cada vez mais. Até que, em certa altura, seus movimentos começam a se tornar automáticos e tocar piano se torna algo intuitivo. A partir daqui, seu desempenho estaciona em um nível e não melhora, mesmo que ele treine por décadas.

Mas, qual a razão para isso acontecer? Se você pratica piano com os dedos, de forma automática, não importa quanto tempo você treine: você nunca irá melhorar!

Agora, se você praticar com sua cabeça, se concentrando no processo, talvez duas horas por dia sejam o suficiente para se tornar um grande pianista!

Grandes músicos recomendam repetir várias vezes as seções mais desafiadoras de uma música até que se tenha o total domínio sobre ela. Quanto mais vezes repetir uma música, concentrado em consertar possíveis erros de execução, maiores são as chances de se tornar um especialista em piano.

As condições para a prática deliberada

Quando uma determinada ação não produz o resultado esperado, um expert raciocina de forma deliberada sobre qual seria o motivo do seu erro e como poderia fazer para evitar futuros deslizes. A partir daí, ele trabalha continuamente para eliminar as próprias falhas.

É o que o astro do golfe Ben Hogan faz. “Enquanto pratico, tento, também, melhorar minha capacidade de concentração. Nunca vou e simplesmente acerto a bola”, afirma Hogan, em um exemplo de prática deliberada.

Ericsson acredita que se certas condições são atendidas, a prática deliberada melhora a precisão e a velocidade do desempenho nas tarefas cognitivas, perceptivas e motoras. Por isso, ele apresentou quais são os quatro componentes essenciais para alcançar a excelência. Conheça-os a seguir!

Quatro componentes necessários para atingir a excelência

Os componentes são: motivação, conhecimento, feedback e repetição. Veja também detalhes sobre a prática deliberada no PodCast do Freaknomics.

Motivação

Você precisa estar motivado para praticar a tarefa e fazer esforços para melhorar sempre o seu desempenho. É preciso ter um destino, saber o que você está tentando realizar. Tendo um objetivo, é hora de trabalhar para alcançá-lo.

Conhecimento

A tarefa deve levar em conta o seu conhecimento preexistente para que ela possa ser corretamente compreendida, após um breve período de instrução.

Não tente aprender algo complexo de uma só vez. Crie sequências mais curtas, pequenos movimentos e os pratique isoladamente, antes de unificá-los.

Feedback

Você precisa receber feedback e avaliação frequente de algum instrutor para saber os resultados do seu desempenho. Uma alternativa é gravar sua sessão prática para assistir e avaliá-la mais tarde.

Repetição

Você deve executar repetidamente e de forma concentrada as mesmas tarefas ou atividades semelhantes. Ao invés de concentrar sua atenção em minutos, tente contar boas repetições. Conte qualquer coisa que lhe diga se você está avançando ou não no seu objetivo.

A prática deliberada expressa a diferença entre estar ocupado e ser produtivo. Ela demonstra que, para atingir a excelência, não basta apenas praticar incessantemente determinada tarefa, é preciso fazê-la de modo consciente e visando sempre ao aperfeiçoamento.

Portanto, não é necessário “ter nascido” com talento para determinada atividade. Com o tipo certo de treinamento sendo realizado deliberadamente, é possível adquirir e melhorar habilidades diversas; ao aprender a aprender, essas capacidades se tornam acessíveis e pessoas comuns podem se tornar experts em determinadas áreas.

E você, está pronto para iniciar a prática de um novo talento? Tem mais algum exemplo de pessoa que se tornou expert no que faz por meio da prática deliberada? Compartilhe conosco nos comentários e até a próxima!

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