Imagine o seguinte cenário: você e sua família estão sonhando em fazer aquela tão sonhada viagem nas férias. Para isso, você sabe que será preciso poupar, planejar e administrar sua renda.
No âmbito empresarial, por mais que os objetivos sejam diferentes, a mentalidade é a mesma. Se a empresa é sua, o dinheiro que circula nela é todo seu, certo?
Claro que não! Misturar multas de carro, fatura de cartão de crédito e contas do supermercado com as despesas das empresas ainda é uma prática comum, mas pode ser fatal para as organizações e levá-las, inclusive, à falência.
O erro dos empresários, diretores, administradores, empreendedores, etc., de misturar as contas – tanto as pessoais quanto as empresariais – é bastante rotineira. Esta atitude pode ser o fator determinante entre o sucesso e a ruína de um negócio.
No atual mercado, os profissionais que conseguem apresentar uma gestão mais assertiva são aqueles que se sobressaem. Mesmo que a empresa apresente um lucro satisfatório, se você não fizer uso de indicadores que reflitam sua real situação econômico-financeira, cedo ou tarde os números irão impactar de forma negativa no resultado obtido.
O controle financeiro é importante para qualquer profissional e organização que deseja se manter competitiva e ter sucesso.
A seguir, reunimos algumas informações importantes para que fique claro o porquê você deve separar adequadamente as finanças pessoais e empresariais e compartilhamos dicas de como fazer isso. Confira!
Separando as finanças pessoais e empresariais: 5 dicas práticas
1. Considere implantar o pró-labore
O termo ‘pró-labore’ tem sua origem no latim e significa “pelo trabalho”. Dessa forma, ele diz respeito à remuneração de sócios, executivos e donos de empresas por seu trabalho. Um erro bastante comum entre os empresários, especialmente no início de carreira, é não definir um salário fixo para si próprio.
Mesmo que sua condição financeira enquanto pessoa física seja confortável, é fundamental determinar um rendimento salarial mensal que ajudará a manter em ordem todo o controle financeiro, envolvendo tanto o ambiente pessoal quanto o empresarial.
Pensando no pró-labore, de que forma ele deve ser implantado, afinal? A legislação não determina um valor mínimo> para definir a remuneração que será paga a título de pró-laboro, faça um levantamento do que o sócio ou empresário necessita para se manter e o valor que é praticado no mercado de trabalho para os profissionais com esses cargos.
Se você receber um salário “flutuante”, que apresenta variações de acordo com a lucratividade do negócio, estará deixando de investir valores importantes que podem ser utilizados para a expansão da empresa ou como reserva em épocas difíceis e durante as crises – você não pode ser o único beneficiado com a lucratividade da empresa!
Assim, ao investir em um salário fixo, você terá claro o valor com o qual poderá contar, evitando erros que prejudiquem o orçamento pessoal e o organizacional. O seu salário não deve ser considerado no montante destinado aos investimentos do negócio.
Na esfera contábil, o pró-labore é lançado como despesa operacional da empresa. Por esse motivo, incidem sobre ele impostos específicos. De modo geral, são retidos 11% de INSS do pró-labore, no entanto, essa taxa pode ser maior se a empresa for optante pelo Lucro Presumido ou pelo Lucro Real. Nesse sentido, é sempre recomendável consultar um contador antes de tomar a decisão.
Essas atitudes irão garantir que não haja confusão ou perdas financeiras pessoais e empresariais.
2. Conte com a ajuda de um contador experiente
Separar as finanças pessoais e empresariais, muitas vezes, pode parecer uma tarefa complexa; a boa notícia é que você tem a quem recorrer, afinal, sem informações, é impossível saber onde está o problema e de que forma é possível corrigi-lo.
Busque auxílio profissional de um contador experiente que irá lhe orientar quanto aos procedimentos que devem ser adotados. Ele irá detalhar, por meio de relatórios mensais, como estão as finanças e reduzir dores de cabeça e as chances de erros que podem comprometer seu negócio. Portanto, assuma essa atitude como um investimento, que trará retorno e melhorias, e não como um custo!
Um contador também ajudará nas questões referentes à tributação, facilitando a comprovação do faturamento do negócio e dos seus rendimentos enquanto pessoa física. A declaração do Imposto de Renda será muito mais simples dessa maneira.
Além disso, esse auxílio pode ser fundamental para garantir a expansão e a saúde financeira de seu negócio, uma vez que ter os demonstrativos contábeis atualizados facilita na obtenção de crédito para sua empresa.
Outro ponto fundamental na decisão de contratar um contador experiente é que, normalmente, a contabilidade não é uma especialidade do empreendedor e, ao tentar abarcar mais essa tarefa, ele pode acabar comprometendo legalmente seu negócio, ao perder prazos ou realizar declarações de modo equivocado, além de perder o foco na prospecção de clientes e nas melhorias possíveis.
3. Grande atenção ao fluxo de caixa
De acordo com reportagem da revista Exame, o descontrole financeiro é um dos principais fatores de quebra das pequenas empresas. E como você, certamente, não quer fazer parte dessa estatística, ter atenção ao fluxo de caixa de seu negócio é essencial.
Uma empresa precisa se sustentar para ser viável. Um dos passos fundamentais para a garantia do bom andamento das suas finanças pessoais e empresariais é ter um fluxo de caixa confiável. Ele é uma ferramenta de gestão financeira que apresenta as entradas e saídas de recursos de sua empresa.
Entre os benefícios que o fluxo de caixa pode gerar para o seu negócio destacam-se:
- Antecipação de situações financeiras futuras.
- Estabelecimento de metas e objetivos financeiros.
- Entendimento se a empresa está mesmo obtendo lucro ou não (o fato de ter dinheiro em caixa não significa, necessariamente, que seu negócio está tendo lucro).
- Utilização adequada e otimizada de seu capital.
- Precificação mais assertiva de seus produtos e serviços.
- Avaliação assertiva quanto às áreas que necessitam de mais ou de menos investimentos.
- Redução de riscos relacionados a sazonalidades na entrada de receita.
- Possibilidade de fazer uma projeção mais precisa de seu faturamento.
O controle do fluxo de caixa deve ser realizado diariamente e após calcular o valor das entradas menos o das saídas, somando ao saldo inicial, é gerado o saldo final do dia. Este número deve bater com o que há nas contas bancárias da empresa.
Evite fazer a gestão do fluxo de caixa de modo manual ou por meio de inúmeras planilhas diferentes – essa prática irá gerar complicações, comprometendo seus fechamentos e fazendo com que você perca prazos importantes.
Há diversas ferramentas de gestão financeira gratuitas disponíveis na internet, como o Hábil Empresarial e o SISControle. O SEBRAE também oferece uma solução sem custos para ajudar empreendedores nessa tarefa. Outra opção é investir em softwares mais completos e pagos, como os sistemas ERP.
Também há algumas opções que necessitam de algum investimento, mas podem estar mais direcionadas às suas necessidades; pesquise, compare, peça opiniões e sugestões e escolha a opção que oferecer melhor custo x benefício para o seu negócio.
Outra possibilidade é utilizar aplicativos de contabilidade online, como o Mobills, que ajudarão na organização das informações financeiras de sua empresa, auxiliando no monitoramento do seu fluxo de caixa. Assim, o controle de suas finanças estará na palma de sua mão!
4. Registre tudo que entra e, claro, tudo o que sai
A melhor maneira de se organizar financeiramente é saber a origem exata de todos os valores que entram e que saem da sua empresa. Na medida do possível, adotar essa técnica também com suas finanças pessoais trará benefícios: você conseguirá identificar melhor como está utilizando sua renda e perceber modos de reduzir custos e desperdícios.
Para isso, é importante sempre solicitar a nota fiscal de compras e de serviços: essa é a comprovação de sua despesa e um instrumento que ajudará muito a não esquecer de nenhum custo e incluí-lo em seu controle.
Na sua empresa, você precisa contabilizar tudo, desde os centavos até as dezenas de reais, para que a destinação das verbas seja feita da melhor maneira possível, sem perder oportunidades de investimento e boas negociações.
Para compreender bem suas finanças é preciso ser bastante disciplinado; documente todos os gastos, até mesmo aqueles que, em um primeiro momento, não parecem ser tão significativos, como as balinhas no balcão ou os copinhos de café, por exemplo. Por meio dessa prática, você terá condições de realizar uma negociação mais eficaz na compra de insumos e reduzir custos fixos de seu negócio, auxiliando na saúde financeira de sua empresa.
Registre todos os valores que entram e que saem do seu negócio imediatamente. Você pode buscar um sistema de gestão online que ajudará na organização e nas melhores práticas de economia e investimentos. Não pegue nada do caixa da empresa sem registrar a retirada. Sua empresa precisa ter dinheiro para pagar suas contas e manter a roda girando!
Uma análise de dados financeiros errada pode acabar em decisões e estratégias que irão prejudicar seu negócio. Se você não registrar toda a movimentação de recursos – tudo que entra e tudo que sai –, poderá interpretar os números de sua empresa de maneira errada, causando prejuízos irreparáveis para a saúde financeira do seu negócio e, até mesmo, para suas finanças pessoais.
5. Tenha conhecimentos amplos de administração, finanças e gestão
De acordo com dados do Sebrae, 99% dos empreendimentos brasileiros são compostos por micro e pequenas empresas. Com isso, o empreendedor precisa ser multifacetado e ter conhecimentos mais abrangentes sobre diversas áreas, a fim de gerenciar e dar suporte às mais diversas atividades de seu negócio.
Nesse cenário, um dos erros mais comuns entre os novos empresários é a falta de um bom planejamento financeiro, o que torna seu negócio mais suscetível à estratégia do “erro e do acerto”, do “achismo”, o que pode acabar gerando prejuízo e mesmo comprometer a continuidade do empreendimento.
Para não correr esse risco e desenvolver um bom planejamento financeiro, é preciso conhecimentos amplos de administração, finanças e gestão, que permitam interligar todo o trabalho de obtenção, utilização e controle de recursos dentro da organização.
Não saber como separar as finanças pessoais e empresariais prejudica a saúde financeira da organização e pode colocá-la em situações de grande risco. Sem ter conhecimentos mais abrangentes de administração, finanças e gestão, os profissionais, muitas vezes, só percebem a dimensão do problema quando a falência da empresa é iminente.
O valor necessário para a aquisição de um sistema de gestão irá se diluir em todos os benefícios que ele trará para a empresa. O próprio sistema calcula índices e aponta os gastos excessivos que podem prejudicar a sua organização e o seu crescimento.
Ter amplos conhecimentos nessas áreas traz benefícios tanto para a esfera pessoal quanto para a empresarial, como o auxílio na tomada de decisões e melhorias no desempenho financeiro por meio do bom planejamento e da melhor alocação de recursos.
Por isso, invista na atualização constante do seu conhecimento, faça cursos, participe de eventos, leia blogs, busque boas fontes para aumentar o seu repertório de informações de gestão de negócios. Isso aumentará o seu capital intelectual e poderá gerar vantagens competitivas para seu negócio.
Se você acredita que apenas na experiência prática poderá aprender sobre o funcionamento do negócio, saiba que não é bem assim. Dos mais de 270 bilionários americanos, que construíram suas fortunas sem herdar um único dólar, somente 9% possui curso superior incompleto ou parou de estudar no ensino médio. Cada vez mais, as universidades estão se ajustando para a realidade do mercado e fornecem conhecimentos valiosos sobre gestão financeira e outros muito valiosos para o seu negócio.
Conclusão
A separação das finanças pessoais e empresarias é fundamental para garantir a sobrevivência do seu negócio. Jamais leve contas de casa para a empresa e vice-versa. Se você obtiver lucro, faça investimentos em expansão ou melhorias na empresa, ao invés de viajar ou trocar de carro, por exemplo. O contrário também é comum – quando a empresa não está atingindo os resultados esperados, o empresário começa a tirar dinheiro do “próprio bolso” para sanar as dívidas e “tapar” os buracos.
Não cometa o erro primário de misturar suas finanças pessoais com as empresariais! Esse cuidado é a base para você prosperar sempre mais e manter a saúde financeira de seu negócio!
Aplicando esses cinco passos para o controle de sua empresa e da sua vida pessoal, você irá, rapidamente, sentir os benefícios de uma boa gestão financeira. Se você ainda não faz a separação das finanças pessoais e empresariais, mude isso logo! Essa atitude favorecerá a estabilidade financeira e a sustentabilidade do negócio no longo prazo.
Você já separa as finanças pessoais e empresariais? Possui alguma dificuldade nessa tarefa ou tem outra dica de gestão financeira para novos empreendedores? Compartilhe sua experiência nos comentários!