Competências para o futuro: seu trabalho vai desaparecer, e o que você está fazendo a respeito?

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Competências para o futuro: seu trabalho vai desaparecer, e o que você está fazendo a respeito!

“O homem não nasce para trabalhar, nasce para criar, para ser o tal poeta à solta.”
Agostinho da Silva

Vamos começar este texto com nossa imaginação um pouco mais solta e vamos sonhar um pouco, e depois, voltamos a colocar os pés no chão.

Agora, imagine uma sociedade onde todas as atividades possam ser realizadas por máquinas, e ao homem, cabe apenas desfrutar da vida.

As máquinas irão construir tudo (impressoras 3D existem em todas as áreas, inclusive na construção civil), não precisaremos mais de operários, as máquinas vão plantar nossa comida (atualmente máquinas agrícolas já fazem isso sozinhas), dirigir os caminhões e carros para levar nossas comida e nos levar de um lugar ao outro será feito por máquinas (atualmente os carros já se dirigem sozinhos) e todas as decisões serão realizadas por máquinas (computadores vencem jogo de xadrez, computadores vencem jogos de pôquer, computadores tomam decisões gerenciais), afinal de contas, um computador consegue analisar muito mais variáveis que o cérebro humano e, em consequência, pode obter resultados melhores.

Pelo visto parece que não precisamos imaginar tanto assim. Agora vamos pensar que todo o trabalho duro é realizado por máquinas, comida é plantada em quantidade para que todas as pessoas ao redor do mundo possam comer.

Casas são fabricadas por máquinas ao redor do mundo para que todas as pessoas tenham onde morar. Todos podem ir a qualquer lugar, pois máquinas estão fazendo veículos e os conduzem para onde quisermos chegar.

Não precisamos nos preocupar em ganhar um salário para comprar coisas, pois as máquinas não cobram nada, elas fazem e nos entregam os resultados.

Nossa sociedade do futuro passa apenas a desfrutar da existência, seja viajando, comendo, criando e assistindo séries de TV, ouvindo música, ou o que você desejar estar fazendo quando não existe preocupação com o trabalho, afinal de contas, como disse Agostinho da Silva. Você nasceu para criar, para ser o poeta à solta.

Tudo isso seria bem legal, e “talvez” aconteça no futuro, mas a realidade é outra, eu ainda tenho que acordar cedo para ir trabalhar, por que se não o fizer, não ganho dinheiro para pagar o aluguel e colocar comida na mesa da minha família.

E isso é válido, mas imagine agora que eu sou seu chefe/patrão/gerente, ou chame como quiser, e digo para você que, infelizmente para você, e felizmente para a empresa, você foi substituído por uma máquina.

Pode parecer uma realidade distante, mas essa também era a realidade de funcionários que trabalhavam nas montadoras dos anos de 1920, estas montadoras de carros do passado, em especial a Ford com a linha de montagem, precisavam de mão-de-obra intensiva para a fabricação dos primeiros carros da empresa, o famoso modelo T.

Atualmente as montadoras se modernizarão, mais em alguns lugares do que em outros, mas a questão central é que as montadoras de veículos dos dias atuais estão eliminando as pessoas do processo, cada vez mais, e cada vez mais rápido.

Em 2015 as fábricas de automóveis empregam em torno de 137.000 pessoas. Mas afinal, qual o futuro das montadoras e dos cargos que ela atualmente emprega pessoas? Qual o futuro do seu cargo na sua empresa? Qual o futuro da sua profissão?

As máquinas não vão substituir tudo, mas…

De um ponto de vista otimista, as máquinas não vão substituir todas as profissões e todos os trabalhos da mesma forma e na mesma velocidade. Então as perguntas são: quando isso vai ocorrer e quais profissões serão impactadas primeiro?

O entendimento comum sobre a utilidade dos computadores para automatização das tarefas tem relação com o tipo de tarefa que são realizadas. A princípio as tarefas rotineiras são passíveis de automação, enquanto as tarefas não rotineiras não são possíveis de serem automatizadas.

Contudo, essa definição não nos é mais útil, veja por exemplo o caso de dirigir um carro pela cidade. Esta não é uma tarefa rotineira, temos que reagir a vários fatores, como outros carros, sinaleiras e pedestres, fazer curvas, freiar e acelerar no momento certo, contudo, esta atividade não rotineira já não é mais privilégio única das pessoas, tendo em vista que sistemas estão sendo desenvolvidos para realizar estas atividades sem erros.

Outra divisão que geralmente é feita com relação as tarefas rotineiras e não rotineiras é que elas podem ser manuais ou cognitivas, onde a primeira está relacionada ao trabalho físico e o segundo ao uso de conhecimento.

O que ocorre para que as tarefas não rotineiras se tornem rotineira é a forma como elas são especificadas. A maior parte das tarefas não rotineiras possui padrões, contudo a quantidade de dados necessários para compreender estes padrões, que somente com as tecnologias atuais que é possível um carro dirigir sozinho ou um computador reconhecer a escrita humana. Apesar da variedade de possibilidades de formas de escrever, ainda assim é possível para um computador coletar, armazenar e, através de um algoritmo, reconhecer a escrita humana (big data).

Graças ao big data o Google Translator consegue se aprimorar continuamente conforme os dados são coletados pelo sistema e o algoritmo aprimora o sistema de tradução em diferentes idiomas. Um aparelho onde você fala a sua língua e ele reproduz em outra que você desejar com perfeição, pode estar um pouco longe de se tornar realidade, mas sem dúvida alguma, em algum momento se existirá.

O big data

O big data permite que tarefas não rotineiras cognitivas possam ser transformadas em rotinas através do grande números de informações que podem ser armazenadas e analisadas de forma conjunta por computadores. Mas qual o limite do Big Data para a padronização das atividades?

Essa é uma pergunta difícil de responder, mas quando, por exemplo, até mesmo as atividades de diagnósticos de doenças relegadas a médicos com anos de estudos estão sendo realizadas por computador, você deve prestar mais atenção na automatização da sua atividade também.

O Centro de Tratamento de Câncer Memorial Sloan-Kettering e sua equipe de Oncologistas atualmente utiliza o computador Watson da IBM para realizar diagnósticos de tratamento de câncer e tratamentos crônicos com base em mais de 600.000 relatórios médicos, 1.5 milhões de dados de pacientes e de testes clínicos, e mais de 2 milhões de páginas de artigos científicos da área para avaliar e reconhecer padrões da doença. Isso permite que o computador compare individualmente os sintomas, genética, histórico médico e familiar, entre outras variáveis, possibilitando diagnosticar e elaborar um tratamento com maior probabilidade de sucesso.

Eu sou professor e, embora este seja um dos trabalhos mais intensivos em mão-de-obra, não quer dizer que não possamos ser automatizados. Os cursos on-line (MOOC – Curso Online Aberto e Massivo) estão gerando uma grande quantidade de dados, detalhando como os alunos interagem nos fóruns, sua propensão a completar tarefas e realizar as leituras, e suas notas finais.

Estas informações irão auxiliar no desenvolvimento de tutores interativos, com estratégias de ensino e avaliação estatisticamente calibradas para atender as demandas individuais de cada aluno. Estes dados servirão inclusive para predizer a performance dos estudantes, suas profissões e implementar processos de seleção mais assertivos – isso, se é que as pessoas serão selecionadas para algum trabalho no futuro.

Além disso, várias ocupações que demandam julgamento humano, são suscetíveis a computorizarão, e a defesa neste aspecto ocorre, principalmente que uma máquina não tem problemas de tratar o processo decisório ou realizar julgamentos de forma imparcial. A tendência é que os algoritmos de processos decisórios sejam inicialmente utilizados como recomendações para os decisores humanos, que com o tempo, serão substituídos inteiramente pela máquina.

Bom, então o ideal é saber fazer os algoritmos e criar os programas, assim não teremos problemas de sermos substituídos. Contudo, já foram desenvolvidos algoritmos que podem otimizar programas e detectar bugs (defeitos) em softwares com maior confiabilidade que uma pessoa faria. As grandes bases de dados de códigos permitem que algoritmos busquem e aprendam como escrever programas para satisfazer as especificações de humanos, garantindo soluções com base numa visão mais holística que não seria possível a um operador humano.

Algumas destas soluções ainda estão em desenvolvimento, contudo existem estudos que estiam que algoritmos sofisticados podem substituir até 140 milhões de trabalhos do conhecimento ao redor do mundo.

Robótica

As tarefas não rotineiras manuais são outra área que está sendo desenvolvida de forma acelerada, em especial através da robótica móvel. E não faltam exemplos de protótipos funcionais que, num futuro não tão distante, vão revolucionar diversos setores.

Com sensores de alta performance os robôs são capazes de produzir bens com maior qualidade e confiabilidade que humanos. O uso da big data permite que os robôs reconheçam padrões. Além disso os robôs possuem algoritmos que ajudam eles a aprender. Uma pessoa inicialmente ensina ao robô os padrões de movimento que precisam ser realizados e ele instantaneamente copia estes padrões e repete os movimentos.

Conforme a tecnologia em robótica evolui e os preços caem, cada vez mais comum será sua utilização em diferentes atividades.

Alguns exemplos:

Robô do Google

Robô do Google Bipede

Será que deveríamos ter medo da revolução das máquinas?

Depende…

Os trabalhos do futuro

Conforme abordei neste artigo até aqui, existem diferentes tipos de atividades, onde algumas são mais suscetíveis de serem feitas por computadores. Os trabalhos rotineiros e aqueles não rotineiros que podem ser roteirizados através do reconhecimento de padrões serão realizados pelas máquinas, contudo haverá uma tendência de aumento da demanda por mão-de-obra para trabalhos que não possuem padrões e, consequentemente, não serão executados por computadores.

Apesar destas afirmações serem verdadeiras, elas não permitem dizer quando isso vai ocorrer, e tudo depende da velocidade com a qual os grandes desafios da computação e da robótica são eliminados para abrir caminho para novas possibilidades em diferentes áreas, incluindo aquelas, em princípio, não roteirizadas.

Veja como exemplo a construção civil, um canteiro de obra geralmente demanda alto nível de adaptabilidade em função dos diversos fatores que influenciam uma obra. Contudo, a padronização está ocorrendo de forma diferente, ao invés de fazer toda a construção da obra no local, a pré-fabricação vem ganhando espaço, desta forma boa parte da obra é feita em uma fábrica através de uma linha de produção altamente automatizada.

As peças pré-fabricadas são então levadas ao canteiro de obra onde serão apenas montadas. A adaptação é um dos grandes trunfos da automação de diversos processos.

Estudos demonstram que ocupações generalistas que requerem o conhecimento da heurística humana, e ocupações especializadas envolvendo o desenvolvimento de ideias e artefatos são os menos suscetíveis a computorizarão. Por exemplo, o presidente de uma empresa (CEO) precisa lidar com uma variedade grande de atividades, como: conferência com membros da direção, discussão de problemas com funcionários, coordenação de atividades, resolução de problemas, decisões, etc.

Desta forma existe a previsão de que ocupações nas áreas de finanças, negócios e administração tem baixa probabilidade de serem substituídas por máquinas, principalmente em função da necessidade de uma inteligência social maior. Isso também ocorre para profissões na área de educação, saúde, artes e na área de mídia.

Estes mesmos estudos indicam que ocupações com salários menores e o nível de educação das pessoas tem relação negativa com a probabilidade de computadorizarão, ou seja, quanto mais alto o seu salário e quanto maio o seu nível de educação, menores são as chances de você ser substituído por uma máquina.

Figura 1 – Salário e educação como função da probabilidade de computadorização

Fonte: Frey e Osborne (2013)

 

A 4ª Revolução Industrial

Você já ouviu falar da 4ª revolução industrial? A 4ª revolução industrial engloba tecnologias de automação, troca de dados e utilização sistema ciber-físicos, internet das coisas (IoT) e computação na nuvem.

Você pode não saber exatamente como funciona, mas com certeza tem um celular, que coleta dados sobre onde você está o tempo todo. Você deve compartilhar arquivos com outras pessoas, no trabalho e com amigos o tempo todo. Você pode estar trabalhando em um documento sem se preocupar se o seu computador vai dar problema e você vai perder todo o trabalho, já que os seus arquivos estão salvos na nuvem (Google Drive, One Drive, Dropbox, etc.).

Assim como as revoluções anteriores, a 4ª revolução industrial tem o potencial de aumentar os níveis de riqueza e melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas não sem algumas barreiras. As revoluções industriais criam disrupturas no mercado de trabalho, a substituição da força de trabalho por máquinas tem um impacto social grande, em especial se ocorrerem de forma abrupta, não deixando tempo para que os profissionais mudem de forma adequada suas habilidades para não serem enxotados do mercado de trabalho.

A demanda por trabalhadores com altos níveis de conhecimentos e habilidades tem aumentado em países desenvolvidos, contudo a demanda por trabalhadores com baixos níveis de habilidades e educação tem diminuído nestes países. Por causa disso os níveis salariais têm se mantido estáveis, gerando grande insegurança na população de classe média, que não consegue manter seu nível de vida a médio e longo prazo.

Entender como a 4ª revolução industrial impacta o mundo e como a inovação irá ocorrer durante esta revolução é tema no módulo Gestão e Organização do PBA da Ambra College. Durante este módulo avaliamos as diferentes teorias de inovação que irão auxiliar as empresas e os profissionais a se manterem competitivos em seus setores e agregarem valor as suas atividades, reduzindo os riscos de serem substituídos por computadores.

Você já foi substituído por uma máquina alguma vez?

Se pensarmos um pouco vamos descobrir que em algum momento da nossa vida profissional, fomos substituídos por uma máquina. A verdade é que com a velocidade da evolução tecnológica que vem ocorrendo o risco dessa substituição ocorrer sem notarmos é maior e por esta razão precisamos estar sempre nos atualizando.

Conforme dados de pesquisas mostradas anteriormente o nível de instrução tem auxiliado os profissionais a se tornarem mais relevantes para as organizações e menos propensos a serem substituídos por máquinas.

A minha pergunta para você é: Você já avaliou se sua profissão está em risco? Mas mais importante, o que você está fazendo para garantir que uma máquina não irá facilmente fazer o seu trabalho no ano que vem?

Se você tem experiência ou já passou por alguma situação em que as máquinas estão fazendo um trabalho melhor que as pessoas, compartilhe conosco. E se tiver alguma dúvida ou quiser debater como sua empresa pode inovar aproveitando as mudanças que vem ocorrendo com a 4ª revolução industrial, entre em contato, estamos sempre dispostos a trocar ideias.

Aproveite e conheça a trilha de aprendizagem que eu preparei para profissionais que desejam melhor constantemente. Ao longo da trilha, repassarei e-mail, recomendações de e-books gratuitos e também de textos para que você siga melhorando sua marca pessoal.

 

Um grande abraço.
Rovian Zuquetto