Comportamento empreendedor: como tomar decisões assertivas para a empresa?

0
830

Provavelmente um dos maiores desafios que os empreendedores enfrentam em suas carreiras profissionais seja o ato de tomar decisões, ou melhor, tomar decisões assertivas em relação aos rumos dos negócios.

Mas não tem jeito: no mundo corporativo é preciso trabalhar muito bem a tomada de decisão e isso requer um alto grau de inteligência emocional para lidar com os desafios e problemas que surgem pelo caminho.

Aliás, toda pessoa que precisa tomar uma decisão, até mesmo em sua vida pessoal, precisa levar em conta três aspectos: os aspectos racionais / analíticos, os aspectos emocionais / temperamento pessoal e o fator tempo, que pressiona o indivíduo a escolher rapidamente e de forma certa.

No post de hoje, portanto, vamos conversar um pouco sobre esse assunto. Afinal de contas, como tomar decisões mais assertivas para a empresa? De que forma o comportamento empreendedor influencia nessa área? Como desenvolver um equilíbrio entre os aspectos acima citados?

Leia atentamente e caso você fique com alguma dúvida sobre esse tema ou queira compartilhar a sua experiência conosco, deixe o seu comentário.

Os tipos de personalidades que influenciam no comportamento empreendedor e na tomada de decisão

O equilíbrio entre os aspectos racionais, analíticos, emocionais e de temperamento pessoal é fundamental para a tomada de decisão. E como sabemos, existem vários tipos de personalidades que influenciam no comportamento do empreendedor. Por isso, antes de tudo é preciso identificar em qual personalidade você mais se encaixa.

É importante observar que não existe um tipo de personalidade ideal que ajuda na hora da tomada de decisão, pois isso depende de muitos fatores, como os valores, a cultura, o posicionamento e até o momento em que a empresa atravessa.

Nesse sentido, as empresas têm buscado melhorar o modelo de seus processos baseando-se em dois fatores fundamentais para a tomada de decisão. São eles:

  • Sistemas de informação que proporcionam maior confiança, agilidade e precisão que auxiliem os gestores na tomada de decisão.
  • Líderes preparados para tomar as decisões, inclusive as de risco, utilizando os fatores de personalidade e emoção com muita responsabilidade e cautela.

Então, no sentido de preparar a liderança baseada nas características da personalidade dos empreendedores, vejamos os 4 tipos de personalidade muito comuns nas empresas:

1. Empreendedor analítico

É uma pessoa extremamente perfeccionista, com constante receio de cometer erros e, dessa forma, acaba se protegendo de qualquer possibilidade de falha. Esse empreendedor analisa tudo nos mínimos detalhes e podemos dizer que a sua palavra de ordem é defesa.

O empreendedor analítico é muito organizado e costuma ser bem formal, sempre trabalhando com foco e objetividade. No entanto, nem sempre ele consegue impor seu estilo ao grupo, pois prefere questionar e ser sempre cauteloso, utilizando a lógica como defesa e sendo bem técnico e emocionalmente controlado.

Outras características:

  • É motivado pela segurança e pela certeza.
  • Suas forças são a capacidade de argumentação, preparação e racionalidade.
  • A sua fraqueza é a indecisão.
  • Seus valores são a verdade, a coerência e o tradicionalismo.
  • Costuma ter o estereótipo de matemático e frio.
  • Se expressa baseado em regras, diretrizes, números, dados, lógica e fatos.
  • Não valoriza as opiniões sem argumentação e com emotividade.
  • Apresenta melhor desempenho em questões e desafios objetivos e claros, em que existe histórico da solução a ser empregada.
  • Apresenta desempenho ruim ao ter que realizar soluções inovadoras e criativas.

2. Empreendedor pragmático

A palavra-chave desse tipo de personalidade é razão. O empreendedor pragmático trabalha de forma controlada e sempre busca a eficiência para atingir as metas. É bem focado nas tarefas, no trabalho e sempre tenta convencer a todos por meio da assertividade do que faz.

Além disso, ele utiliza sempre a razão como base de seus argumentos e geralmente lidera mesclando seu poder hierárquico com uma dose de persuasão emocional.

Outras características:

  • É inteligente e competitivo.
  • Seus valores são a eficiência, a objetividade e o resultado.
  • Se expressa de forma bem objetiva e sempre visando os resultados.
  • É motivado por novos desafios.
  • Negocia com base em seu poder hierárquico e por meio de recompensas e punições.
  • Não valoriza discussões teóricas e emocionalismo.
  • Suas forças são o poder de persuasão e negociação.
  • Suas fraquezas estão em ignorar as diferenças pessoais.
  • O seu melhor desempenho é quando sua autoridade e seu poder de decisão são garantidos.
  • O seu pior desempenho é na hora de assumir metas que não garantem resultados objetivos.

3. Empreendedor expressivo

Este tipo de personalidade tem o ataque como a palavra-chave. O empreendedor expressivo trabalha muito com a emoção, está sempre empolgado com suas ideias inovadoras e se esforça para contagiar toda equipe.

Normalmente são pessoas que têm muita facilidade de se expressar e em conjunto com seu poder de decisão, conseguem influenciar o comportamento dos outros. Além disso o empreendedor expressivo tem um perfil impulsivo e também intuitivo.

Outras características:

  • Possui um estereótipo impulsivo e visionário.
  • Se expressa apelando para emoções e metáforas.
  • Argumenta com ideias envolventes, criativas e com intuição.
  • É motivado por aplausos.
  • Seus valores são pautados em mudança, transformação e inovação.
  • Não valoriza racionalismo, dados analíticos ou informações frias.
  • Suas forças estão na criatividade, na inovação e na busca por novos caminhos.
  • Suas fraquezas estão em perder o foco com mais facilidade e em concretizar seus planos.
  • Costuma inspirar sua equipe de trabalho através de visões de um futuro melhor para todos.
  • Seu melhor desempenho é quando consegue unir a todos por uma causa maior, por um mesmo objetivo.
  • Seu desempenho costuma falhar em práticas rotineiras, ou seja, no andamento das ações e no acompanhamento dos resultados.

4. Empreendedor integrador

Os empreendedores integradores têm a emoção como a palavra que os define. Eles costumam ser muito questionadores, emocionais e não vão direto ao ponto, pois evitam a assertividade em prol de uma aproximação pessoal com a equipe.

Eles também costumam ter uma boa intuição e tratam a todos de uma maneira bem amigável. Apoia a equipe no cumprimento de suas tarefas, são muito expressivos e também cautelosos.

Outras características:

  • Leva o estereótipo de fraterno, apoiador, cordial e flexível.
  • Gosta de unir as pessoas, buscar a harmonia e ouvir a todos.
  • Tem empatia, pois coloca-se no lugar do outro.
  • É motivado pela aceitação em fazer parte de um grupo.
  • Não valoriza relacionamentos frios e falta de expressão emocional.
  • Consegue estabelecer confiança e comprometimento ao liderar o trabalho na empresa.
  • Como fraqueza, tem dificuldade em dizer não e em alguns momentos transparece não ter opinião própria.
  • Seu melhor desempenho é quando realizar uma liderança forte no trabalho com envolvimento de todos, com intensa colaboração entre a equipe.
  • Seu desempenho costuma falhar quando precisa agir rapidamente para apresentar soluções e quando a sua equipe não valoriza relacionamentos.

E então? Com qual personalidade você mais se identificou como líder da empresa? Através desse entendimento e de uma profunda análise sobre as características do comportamento empreendedor, você consegue entender em que áreas precisa melhorar para a tomada de decisão ser mais eficiente.

O passo a passo da tomada de decisão

De acordo com o professor da Carnegie Mellon University e Prêmio Nobel, Hebert Simon, existem três fases no processo de tomada de decisão nas empresas:

  1. Prospecção (análise do problema);
  2. Concepção (criação de alternativas para solução);
  3. Decisão (julgamento e escolhe de uma das alternativas criadas).

E quanto à própria decisão, Simon também define 3 tipos:

  • Decisão programada: são as decisões rotineiras e repetitivas, o que também inclui a automatização de processos.
  • Decisão não-programadas: o decisor utiliza a capacidade de julgamento, criatividade e intuição.
  • Decisão semi-programada: é a mistura das duas decisões, em que deve haver tanto a capacidade de julgamento do líder (além de sua experiência e compreensão do contexto) quanto o apoio de sistemas de informação que auxiliem nessa tomada de decisão.

Uma observação interessante feita por Simon é que os empreendedores precisam ficar atentos quanto à busca pela solução. Para ele, a solução a ser procurada não é a solução ideal, mas sim a solução mais satisfatória. Em outras palavras, é uma solução que encontre o equilíbrio entre os aspectos racionais e os emocionais – como dissemos lá no início do post.

Entendido isso, o empreendedor pode passar a trabalhar seu processo decisório. A seguir, vamos dar dicas de como fazer isso na prática e em 5 passos:

Passo 1: reconhecimento

Reconhecer uma oportunidade ou um problema, tendo como consequência tomar uma decisão é o primeiro e, talvez, o passo mais difícil e fundamental de ser feito.

Passo 2: elaboração

Depois de reconhecer que uma decisão precisa ser tomada, o comportamento empreendedor deve se pautar na elaboração de alternativas de ação. Afinal de contas, se não existem alternativas, então não há decisão a ser tomada.

Passo 3: planejamento

Pegue as alternativas elaboradas e avalie todas as vantagens e desvantagens de cada uma delas. Tenha senso crítico e analise novamente as características da sua personalidade para conseguir um equilíbrio rumo à decisão.

Se for preciso, reúna os seus gestores e até mesmo a equipe para colher dados que auxiliem a formular as vantagens e desvantagens das alternativas.

Passo 4: decisão e implementação

Com a alternativa escolhida, é hora de anunciar a decisão à empresa de forma clara e firme para não despertar um sentimento de insegurança na equipe.

E aqui vale uma atenção especial na hora de colocar a decisão em prática: saiba fazer isso no momento certo, pois um erro muito comum em empresas é saber o que fazer, mas fazer na hora errada – o que não gera resultados positivos.

Passo 5: controle

Avalie constantemente os resultados da decisão tomada. Se não forem os resultados esperados, admita o erro, repense a decisão e recalcule a rota.

Dicas extras para um bom processo de tomada de decisão

1. Pesquise muito

Cerque-se de informações importantes para te auxiliar a encontrar a solução mais satisfatória e equilibrada. Se for preciso, faça até pesquisas de mercado. Não pule essa etapa de pesquisa, pois além de ser fundamental, as informações levantadas poderão servir para outras ideias e projetos, além de fazerem falta no futuro.

2. Se ainda ficar na dúvida, teste

Não é à toa que muitas empresas realizam testes em produtos antes de lançá-los oficialmente. Isso ajuda a tomar uma decisão embasada.

3. Evite longas discussões

Já falamos aqui no blog sobre o quanto reuniões podem ser totalmente estressantes e desnecessárias. Reuniões para tomadas de decisão precisam ser bem objetivas – até mesmo porque se você realizou uma pesquisa e testou hipóteses, não tem muita razão para entrar em longas discussões com a equipe.

Por isso, sempre estabeleça um tempo para reuniões e nunca ultrapasse-o. E se o objetivo da reunião for a tomada de decisão, não fuja do assunto e estabeleça apenas esse assunto a ser discutido.

4. Tenha um mentor

Buscar o auxílio de um mentor também pode aumentar as chances de se tomar decisões mais assertivas. Por isso um networking é tão importante, principalmente com empreendedores mais experientes e que possam te ajudar a seguir certos caminhos em determinadas situações.

Procure também por exemplos de empreendedores e estude a vida deles e acompanhe suas dicas de sucesso. Ah, mais importante, tente identificar os momentos e lições de fracassos dos empreendedores de sucesso.

5. Busque por uma consultoria

Nem todas as empresas podem e querem ter um mentor, então nesse caso e dependendo do tipo de decisão a ser tomada, uma boa dica pode ser a contratação de uma consultoria empresarial no campo da decisão.

Por exemplo, se a decisão a ser tomada está na área das finanças, um consultor financeiro pode auxiliar; se está na área da tecnologia, um consultor em TI pode ser a solução.

6. Busque atualização constante

Manter-se atualizado e informado sobre o gerenciamento de uma empresa é uma ferramenta fundamental para ajudar na tomada de decisões assertivas nos negócios.

Afinal de contas, o mercado muda constantemente, novos processos e tecnologias surgem, o comportamento do consumidor muda, a economia oscila, e tantos outros fatores que pesam nas decisões empresariais devem ser levados em consideração.

Por isso, capacite-se sempre. Atualmente existem muitas informações valiosas na internet, além de cursos a distância que certamente darão um upgrade em sua carreira na liderança de uma empresa.

Considere também a alternativa de fazer um MBA Americano.

7. Decida

A procrastinação da decisão até deixar passar o momento e perder o sentido por escolher é pior do que fazer uma escolha errada. Enfim, não decidir é sempre a pior escolha, portanto, decida ainda que tenha poucas informações tome uma decisão.

Conheça também o perfil do empreendedor corporativo.